Ciclos de Plutão com Saturno e as Pandemias do Medo

 

Desde dezembro de 2019 comecei a ficar mais atenta aos acontecimentos mundiais impactantes. Afinal, dois astros aproximavam-se para realizar uma conjunção peculiar: Plutão e Saturno em Capricórnio.

Eventos celestes como esta conjunção costumam ter seu significado refletido nos assuntos terrenos, então resolvi fazer uma pesquisa sobre ocorrências anteriores desta mesma conjunção. Vejam o que eu descobri:

  • 1947 (Plutão e Saturno em Leão): Após o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, Winston Churchill identificou a expansão do socialismo no leste europeu. A Europa do pós-guerra estava enfraquecida, destruída e assolada pela fome, especialmente a Alemanha. Em contrapartida, os EUA recorreram ao Plano Marshall, uma política econômica com o objetivo de reconstruir a Europa e recuperar sua economia, além de frear o crescimento do socialismo no velho continente. No mesmo ano e, após discurso inflamado do então presidente dos EUA Harry Truman, foi lançada a “doutrina Truman” para limitar e combater o avanço do socialismo. A partir de então, o mundo se divide entre capitalistas e socialistas liderados por duas novas potências mundiais: EUA e União Soviética. Foi dada a largada para a Guerra Fria, que “esquentava” de tempos em tempos, deixando a humanidade sob a tensão e o medo de um possível confronto nuclear ao longo das décadas posteriores.
  • 1982 (Plutão e Saturno em Libra): Apesar dos primeiros casos de AIDS serem registrados a partir de 1977, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida foi reconhecida e definida no começo dos anos 80. A princípio, a AIDS foi chamada de Síndrome H e, até mesmo, de peste-gay, por acreditar-se que esta doença atingisse apenas a população homossexual, hemofílica, heroinômana e hookers (profissionais do sexo em inglês). Isto causou uma imensa rejeição e preconceito, principalmente, contra o público homossexual, até serem reconhecidos os primeiros casos em heterossexuais, mulheres e recém-nascidos. O medo da doença sexualmente transmissível e mortal alastrou-se e transformou radicalmente a perspectiva dos relacionamentos amorosos de uma geração que descendia diretamente dos revolucionários que pregavam o amor-livre nos anos 60. O contato mais íntimo entre dois seres humanos se tornou fonte de insegurança e culpa. Em muitos casos, valores religiosos e conservadores como o sexo após o casamento foram reinstaurados na prática da sexualidade. Em outros, o exame de HIV tornou-se requisito sine qua non para o começo de um relacionamento sério ou para o casamento.
  • 2020 (Plutão e Saturno em Capricórnio) : Capricórnio, assim como Leão (vide 1947 acima), tem afinidades com o poder. A grande diferença é que Leão tem como objetivo a centralização do poder pelo poder em si. Por isto que, as ditaduras e o absolutismo são exemplos de manifestações extremas do poder leonino. O poder de Capricórnio é conectado à matéria, por tratar-se de um signo do elemento Terra. Em outras palavras, a riqueza, o status, o sucesso no mundo dos negócios representam as derivações do poder econômico no mundo material. Ora, Plutão iniciou seu trânsito por Capricórnio em 2008, quando estremeceu a segurança e os padrões de status estabelecidos e irrompeu, por sincronicidade, uma crise econômica mundial. O aprendizado deste ciclo a nível macro e microcósmico é a necessidade de rever padrões econômicos e a utilização dos recursos da Natureza como a instauração da sustentabilidade, por exemplo. Os referenciais de “topo da montanha” capricornianos tradicionais não são mais condizentes no trato com a matéria e os valores precisavam se alinhar com a sobrevivência do planeta.

No meu trabalho de atendimento astrológico e terapêutico, comecei a perceber que o reflexo de Plutão em Capricórnio no microcosmo, ou seja, nos indivíduos, estava comprometendo a segurança, as tradições, os apegos ao passado, as escolhas, os planos para o futuro, os comportamentos e os relacionamentos em geral. Em outras palavras, os arquétipos representados pelos signos cardinais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio) começaram a entrar em crise a fim de desencadear uma transformação e co-criação de novas realidades a partir de novos valores. Com a entrada de Saturno em Capricórnio (final de 2017, começo de 2018), comecei a perceber que este aliava-se a Plutão para estabelecer novos critérios com o despertar da ilusão da segurança absoluta nas raízes das tradições e poderes instituídos. Com Saturno aproximando-se de Plutão, as dimensões do Tempo e do Espaço começaram a se tornar insignificantes para este despertar. As resoluções nos universos micro e macrocósmico começaram a se deparar com limites de tempo, o que acelerou novos padrões, mas também causou reações caóticas e destrutivas.

Finalmente, temos uma pandemia do novo coronavírus no começo de 2020. Embutido em mais um problema viral disseminado a partir da China, tigre asiático que também enfrentou sérios surtos como a SARS, a gripe aviária e a febre suína, ergue-se um revival da crise econômica. Bolsas de valores despencando e o dólar subindo são termômetros que indicam declínio da produção e da negociação mundial, cujas consequências ainda estão por vir.

Os meios de comunicação da atualidade ajudam a alastrar o pânico. Este é o novo “negócio”, pois o pânico e o catastrofismo vendem. Se observarmos as manchetes sem nos envolvermos e mantendo a consciência lúcida, começaremos a descobrir onde está concentrado o poder atual. O “big brother” orwelliano - não daquela emissora nefasta – está manipulando grande parte da humanidade, suas escolhas e suas “verdades”. A mídia conseguiu instaurar o pânico, desestabilizar a economia e provocar catarses instintivas que beneficiam apenas os fabricantes de álcool em gel e papel higiênico, por mais bizarro que possa parecer. Hoje lembrei do limão: uma poderosa fonte de vitamina C que, historicamente, beneficia nosso sistema imunológico. Há 10 anos não tenho um resfriado sequer e tomo limonada ou mate com limão regularmente. Mas os limões não somem das prateleiras dos supermercados, nem os consumidores estão brigando pelo último limão remanescente, pois ele foi esquecido pelo “big brother”.

Durante os ciclos de Plutão e Saturno somos dirigidos para um foco que culmina na catarse do medo e do pânico quando não compreendemos “o que deve ser transformado?” Os ciclos de Plutão são lentíssimos, insidiosos, mas poderosos. Se resistirmos, tanto pessoal como coletivamente, enfrentaremos seu poder de destruição. Portanto, é salutar sair da esfera controladora e manipuladora para agir de acordo com novos valores e paradigmas. Medo da guerra atômica, medo da própria sexualidade ou o medo do coronavírus são resultantes da falta de discernimento e da reflexão individuais que se transformam em verdadeiros monstros na coletividade. Meu pai foi sobrevivente da Segunda Guerra Mundial e vivenciou a conjunção de 1947. Lembro que, a cada conflito posterior como a Guerra das Malvinas, por exemplo, ele vaticinava com seus olhos azuis arregalados : “É a Terceira Guerra! É a Terceira Guerra!”. O medo corrói e deixa sequelas.

  Existe um reflexo na crise atual que podemos aproveitar em nosso benefício: o isolamento. Sair da turbulência social é um bom caminho para começar a refletir sobre mudanças em todos os níveis. O que transmutar? Quais os limites devo impor às “verdades” que chegam dos meios de comunicação? Devo questionar? Devo aprofundar-me no meu silêncio antes de escolher? Este é o aprendizado que o Senhor do Tempo (Saturno) e seu filho rejeitado e renascido, o Senhor dos Infernos (Plutão), estão tentando transmitir em mais uma reunião. Para começar, entenda como “inferno” a psique ou o inconsciente profundo, ou seja, aquilo que evitamos em confrontar e reconhecer.

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