Astrologia e Constelação Familiar
A miscelânea entre constelação familiar e mapa astrológico pode ser interessante para alguns indivíduos ou grupos, mas o astrólogo terapeuta deve ser extremamente cauteloso.
Outro dia, vi uma publicação de um astrólogo que praticava esta combinação, mas que cometeu um grave equívoco em termos de Astrologia e Sinastria por causa de pré-juízos. Ele começou a relatar um atendimento de um casal cuja mulher tinha um “Marte muito forte” em relação ao mapa do homem. Segundo ele, esta configuração é péssima para relacionamentos, pois o homem se sentiria constrangido. Por isto que insisto: todos os terapeutas, astrólogos, tarólogos e os demais profissionais oraculares precisam fazer um curso de Filosofia Clínica.
Vamos lá. Marte, no nosso mapa natal, demonstra como agimos, nos defendemos e lutamos para abrir nosso caminho rumo a nossas metas. O tal astrólogo, ao se referir ao “Marte muito forte”, deve ter percebido um Marte no elemento Fogo ou em casas cardinais. É o traço de uma pessoa forte e corajosa, a princípio. Lógico que tudo irá depender dos aspectos sobre este Marte e de outras configurações astrológicas. Nunca devemos nos referir a um indivíduo apenas por um traço de seu mapa astrológico, ele deve ser interpretado em sua totalidade. É como se descrevêssemos alguém apenas pela cor dos olhos ou do cabelo, dispensando outras características físicas, intelectuais ou comportamentais.
Agora, vamos pensar nos pré-juízos do astrólogo em questão. A afirmação de que uma mulher com “Marte forte” em seu mapa de nascimento eliminaria a possibilidade de relacionar-se com homens, cujo Marte seria “fraco”, além de absurda, é preconceituosa. Vou lembrar, mais uma vez: nunca interpretamos apenas um astro fora do contexto do mapa! Especialmente, em uma sinastria (comparação de mapas para relacionamentos ou parcerias). Além do mais, estamos no século XXI e já faz um tempinho que a mulher é emancipada, pelo menos, no mundo ocidental. Na minha opinião, um ser que trabalha, cuida da casa, engravida, passa pelas dores do parto e se responsabiliza integralmente pelos filhos precisa ser extremamente forte.
Vamos lembrar de um casal famoso nos anos 60/70: John Lennon e Yoko Ono. Lennon tinha Marte em Libra, assim como o Sol e o Ascendente. Marte em Libra é considerado “fraco” pela maioria dos astrólogos por estar em um signo oposto ao seu regente, Áries. De fato, é uma posição que costuma provocar conflitos e dificuldade nas decisões. Ono tem Marte em Virgem conjunto a Júpiter. Um Marte forte, sistemático e autoconfiante. Todos sabem a história do final dos Beatles. Quando o casal se separou por um breve período, Yoko estrategicamente fez outra mulher oriental se aproximar e cuidar de John. Ele passou um tempo cuidando do filho dos dois, Sean, enquanto Yoko trabalhava. Qual o mal nisto? A singularidade é ensinada de forma quase poética na Filosofia Clínica. Não devemos nos ater a nossos pré-juízos e opiniões, quando atendemos uma alma. “Cada homem, cada mulher, é uma estrela.” diz o livro da lei de Crowley. O mapa astrológico demonstra em detalhes esta singularidade e complexidade que nos repele ou aproxima. Não por causa de um Marte fraco ou um Mercúrio forte, mas pela possibilidade de evolução que o outro apresenta ao desafiar nossa 'sombra'.
Portanto, independentemente do processo terapêutico que você embutir na interpretação do mapa astrológico, lembre-se: estude muito, muito, muito profundamente ambos e pense em cursar Filosofia Clínica para você saber ouvir seu cliente com a devida alteridade. Não há problemas em combinar autoconhecimento com terapias, eu faço isto. O problema é cair nas armadilhas da opinião e do julgamento, o que sempre prejudica o cliente.
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