Arcano 20 do Tarot e o Caminho do Aeon

 

Plutão e o elemento Fogo são os regentes do arcano maior 20 do Tarot de Crowley, o Aeon. É interessante observar que, tradicionalmente, este arcano correspondia ao “Julgamento”, ou seja, os escolhidos para o renascimento iriam ouvir as trombetas do arcanjo Gabriel. Esta conotação religiosa, dualista e dogmática cai por terra com o “Aeon” (“Era” em grego) de Crowley. A noção de renascimento está representada pelo deus Hórus em sua forma infantil diáfana no primeiro plano, e adulta com cabeça de falcão no interior de um ovo, ainda por nascer. As três figuras humanas na base da carta como se estivessem no interior de úteros envolvidos por chamas também lembram a mesma noção de renascimento após a purificação ígnea.

Segundo o autor (Aleister Crowley), esta carta é a representação pictórica de seu Livro da Lei, escrito em 1904 e considerado a “bíblia” da Era de Aquário. O deus Hórus que irá substituir seu pai, Osíris, como o arquétipo representativo da Nova Era é o deus que reúne as qualidades de sua mãe – Ísis, princípio feminino, inconsciente, emocional – e de seu pai – Osíris, princípio masculino, consciente, racional. Em outras palavras é a promessa do fim das dualidades entre imanente e transcendente, ou ciência e religião, como também é proposto pelo Ativismo Quântico. Por isto, as crises atuais tanto nas ciências como nas religiões, crises estas que estão absorvendo o impacto depurativo do fogo alquímico, preparando o futuro para o fim das dualidades e para o primado da Consciência Una.

Hórus na sua forma infantil e diáfana representa o silêncio e a leveza que devemos cultivar para absorver a sabedoria da Era de Aquário.

O Caminho do Aeon percorre a distância simbólica entre a Terra e Mercúrio ou entre a esfera dos Quatro Elementos (Malkuth) e a esfera da Mente (Hod). A esfera da Mente compreende conhecimento e experiências acumulados como memória quântica (corpos vital e mental) ao longo de encarnações. É lá que foram colapsadas nossas experiências de sujeito-objeto que se transformaram em padrões e condicionamentos. Considerada a esfera da Magia por Dione Fortune em sua “Cabala Mística”, os insights supramentais vivenciados pela visualização e meditação do Caminho do Aeon indicam os meios de transformação destes padrões e condicionamentos.

O Caminho do Universo, anterior a este, entra em contato com uma esfera mais sutil, o Plano Astral. Portanto, já reconhecemos a “ponta do iceberg” deste mundo introspectivo e inconsciente. Vencemos nossos medos terrenos moldando novas estruturas e reconhecendo responsabilidades. Consequentemente, crescemos mediante os desafios karmicos de Saturno. No Caminho do Aeon, precisamos desta maturidade e confiança para transformar nosso pior inimigo: a mente com seus condicionamentos. Podemos nos deparar com dualidades colossais e rígidas como o conceito do “certo” oposto ao “errado”, que nos conduzem a eternos julgamentos preconcebidos. A transformação plutoniana deste Caminho é total nos reduzindo a cinzas a fim de renascermos por meio de insights supramentais, experienciando colapsos de sujeito-objeto em um novo paradigma, identificar aquele 0,5 segundo que os neurofisiologistas afirmam como sendo o tempo que levamos para recorrer à nossa memória condicionada que nos conduz à repetição padronizada nas respostas a estímulos.

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