O Bem e o Mal na Astrologia Quântica
Em tempos em que a dicotomia se aprofunda e divide a sociedade por causa de opiniões superficiais e julgadoras, resolvi demonstrar esta tendência atual sob a luz da Astrologia Quântica.
Por que Astrologia Quântica e não Astrologia? É importante fazer esta diferenciação, pois a Astrologia mais divulgada ainda hoje em dia é aquela que apoia a dicotomia, ou seja, os conceitos de bem e mal impregnados diretamente nos arquétipos e nas definições como domiciliado, exilado, exaltado, em queda etc. Estas dicotomias na Astrologia tradicional são perniciosas e totalmente sem fundamento. Desta forma, o diferencial quântico na Astrologia representa a volta aos preceitos herméticos como a lei da correspondência, por exemplo, e a inserção do paradigma quântico, onde não existem dualidades, mas integração.
Bem e Mal são concepções tipicamente ocidentais via Cristianismo e suas raízes judaicas que reforçaram a ideia da luta entre o Bem (Deus) contra o Mal (Diabo) ao longo dos tempos. Interessante é perceber que, mesmo aqueles que negam a religião ou que não se interessam pela mesma, estão tão impregnados com esta concepção dualística que não percebem sua determinação ao julgar os outros. No entanto, distorcem a visão dicotômica da seguinte maneira: minhas convicções, quer sejam religiosas, políticas, científicas, filosóficas, sociais etc são “do bem”, enquanto as outras – opostas e diferentes – são “do mal”. Perceba que esta distorção abriu um abismo entre os entendimentos, e os diálogos entre coisas diferentes está se tornando cada vez mais impossível.
Mas vamos voltar aos arquétipos e sua correlação com a religiosidade ocidental. Se os arquétipos foram criados por Deus, e eu gosto da definição de Deus como Substância por Bento de Spinoza apoiada por Einstein, concluímos que os arquétipos, como atributos da Substância, são perfeitos e íntegros. Nada que tenha origem a partir da Substância, que é quântica em sua natureza, é imperfeito, desarmônico ou deficiente. Podemos observar isto na Natureza (“Deus sive natura”): a onça não mata o jacaré porque é má. Ela o mata por causa de seu instinto de sobrevivência, precisa se alimentar. A partir daí começamos a vislumbrar outra distorção que o mundo ocidental/judaico/cristão disseminou: o conceito de Diabo está ligado aos nossos instintos, especialmente no que tange aos prazeres e ao sexo, que corrompem a doutrina do Bem, ou do “certo”. Agora, gostaria de fazer uma “ponte” conceitual com os tarots tradicionais como o Marselha e o Rider-Waite. O Diabo é o arcano maior 15 e é representado através de um homem e uma mulher acorrentados submissos ao Diabo com seus chifres e outras representações demoníacas. Entendam como este conceito judaico-cristão já havia se imiscuído no conhecimento esotérico nestes tarots mais tradicionais. Esta tradição é rompida pelo Tarot de Thoth criado por Aleister Crowley, profeta da Era de Aquário, cujo arcano 15, o Diabo, é representado por um sorridente bode com o Terceiro Olho aberto e uma guirlanda pagã, lembrando o hedonismo satírico de quem busca a satisfação de seus desejos. Cabe aqui lembrar que Crowley atribuiu a Capricórnio a regência deste arcano, cujo regente é Saturno (Satã ou Seth). Os ciclos saturninos são responsáveis pelos grandes desafios ao longo de nossa vida, especialmente, durante os ciclos setenários. É durante estes desafios que escolhemos refinar nossos instintos de acordo com as possibilidades arquetípicas, ou seja, escolhemos evoluir rumo à perfeição, colapsando realidades essenciais, criativas e individuais (Terceiro Olho) ou resolvemos resistir alimentando a desarmonia entre nossas escolhas e nossos instintos, permanecendo no medo, na ansiedade, na agressividade e em outras afecções inibidoras do “Eu” profundo.
As afecções aparecem a partir da nossa escolha racional diante dos atributos de Deus ou da nossa verdadeira Natureza. Portanto, a mente é responsável por estipular limites entre o fluxo contínuo da nossa essência e os comandos externos advindos de doutrinas, traumas, imposições da sociedade, resumindo, a Matrix. Ora, quando não escolhemos, mas obedecemos às imposições do “status quo”, não nos conformamos com as escolhas diferentes, idiossincráticas dos outros. É neste momento que se originam os julgamentos, as agressões e as intolerâncias.
Como sair do eterno ciclo dicotômico de julgamentos? Como se libertar da prisão da mente e se dirigir ao Sol (Lux) do paradigma quântico? Como retornar à essência arquetípica e seus atributos?
Na verdade, é bem simples. Temos todos os recursos a partir dos mitos e dos 12 centros energéticos arquetípicos conhecidos como SIGNOS. É dentro destes 12 temas que encontramos a pureza da Natureza essencial de cada arquétipo. Desta forma, elenquei abaixo a teleologia de cada signo (telos = finalidade). Segundo Aristóteles, tudo na Natureza tem uma causa final ou uma finalidade. O olho, por exemplo, é “bom” quando funciona bem, tem boa visão e realiza plenamente sua finalidade; é “mau” quando a visão é turva ou apresenta algum problema. No caso da teleologia de cada signo, a ideia é entender sua finalidade ou virtude arquetípica natural e essencial. Quando nossas afecções optam pela desarmonia em sua finalidade, o resultado é a “má” expressão .
Os dozes signos ou arquétipos não surgiram do nada. Cada um deles é composto pelos quatro elementos da Natureza (Fogo, Ar, Água, Terra) que, por sua vez, são formados pelas quatro energias primordiais (Quente, Frio, Úmido, Seco). Note que tanto os quatro elementos quanto as quatro energias primordiais não podem ser definidos como bons ou maus. Eles apenas “são”, existem.
Para efeito de entendimento, cada signo terá seu telos e seu anti-telos, sendo que telos é seu estado arquetípico e, anti-telos, seu desequilíbrio provocado pelas afecções ou manifestações terrenas e humanas.
- ÁRIES (regente: Marte) Telos: coragem, audacidade, liderança, individualismo, pioneirismo Anti-telos: agressividade, violência, egoísmo, cólera
- TOURO (regente: Vênus) Telos: prazer, economia, fertilidade, tenacidade, conforto Anti-telos: apegos, teimosia, resistência a mudanças, acúmulo, possessividade
- GÊMEOS (regente: Mercúrio) Telos: comunicação, inteligência, versatilidade, negociação Anti-telos: fofoca, fake news, superficialidade intelectual, verborragia
- CÂNCER (regente: Lua) Telos: acolhimento, familiaridade, proteção, maternidade Anti-telos: codependência, instabilidade ou chantagem emocional
- LEÃO (regente: SOL)Telos: liderança e energia criativa, auto-estima e valorização do self ou almaAnti-telos: autoritarismo, egocentrismo, intolerância
- VIRGEM (regente: Mercúrio)Telos: organização, metodologia, profilaxia, racionalidade, análise
Anti-telos: mesquinharia, críticas destrutivas, ceticismo radical
- LIBRA (regente: Vênus):Telos: harmonia, paz, sociabilidade, simetria, beleza
Anti-telos: futilidade, parcialidade, bajulação
Aqui cabem algumas observações relevantes:
Claro que elenquei significados básicos de cada telos e anti-telos para este artigo não virar um tratado.
Lembrem-se sempre do seguinte: não é apenas o signo solar que irá desenvolver as causas, mas o seu mapa astrológico de nascimento como um todo. Pensem nas quatro bases nucleotídicas que formatam seu DNA e suas infinitas combinações que constroem o que você é. Agora, pensem nas quatro energias primordiais ou nos quatro elementos, suas combinações que formatam os signos e as infinitas combinações realizadas por signos, astros, casas astrológicas e aspectos interplanetários. Entenderam? Exemplo: digamos que seu Sol esteja em Sagitário e você conclua que não é fanático, mas tende a usar substâncias para fugir da realidade, dos medos e do mundo lá fora. Você pode ter uma Lua em Peixes com aspectos conflituosos com seu Sol, Netuno conjunto ao Sol, Netuno em quadratura com o Ascendente e por aí vai. Em suma, temos todos os arquétipos, signos, planetas em nós.
Quando a configuração astrológica encontra-se em um signo (Mercúrio em Libra, p.e.) e eu opto por uma verborragia agressiva, estou manifestando um “ponto cego” daquela configuração, ou seja, o anti-telos do signo oposto, que é Áries. Sinal de que alguma coisa está muito errada, tendendo à patologia.
É por meio das provas de Satã, ou dos ciclos saturninos, que somos testados, desafiados a desenvolver a essência dos nossos arquétipos pessoais. Outro exemplo prático: digamos que meu Marte em Escorpião transigiu ao longo do tempo em atitudes manipuladoras. O ciclo futuro de Saturno em Aquário o desafiará impondo limites e consequências para seus atos. A onda de possibilidades irá oferecer ações estratégicas, aprofundamentos psíquicos e interpretações profundas dos “porquês” das atitudes manipuladoras. Eu terei a oportunidade de rever, reconstruir, reconfigurar e dar meu salto quântico evolutivo.
Imaginem, em um universo paralelo, se todos buscassem este salto quântico? Todos estariam fazendo suas escolhas em harmonia com sua Natureza profunda, ou seu Deus interno, e não haveria tanta discórdia e tanto julgamento. Parece que esta perfeição está cada vez mais longe, lembrem-se da lei hermética do ritmo : "Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação." O movimento compensatório pode vir com o mesmo extremismo do original e vice-versa. Cabe a cada indivíduo diminuir esta distância por meio das suas escolhas, para começar.
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