A Vida em um Labirinto
Na sua obra CIVILIZAÇÃO EM TRANSIÇÃO, Carl G. JUNG diz "Na conscientização da sombra é preciso ter muito cuidado para que o inconsciente não pregue outra peça impedindo uma autêntica confrontação com a sombra. Pode ser que um paciente veja rapidamente o escuro dentro de si, mas no mesmo instante diga para si mesmo que isto não é importante, que é tudo bagatela... Ou ainda: Um paciente exagera no remorso porque é maravilhoso ter um remorso tão "belo", degustá-lo como uma cama quentinha em manhã de inverno quando seria preciso levantar-se. Esta deslealdade, este não querer ver faz com que não aconteça o confronto com a própria sombra. Se houvesse o confronto, poderia ocorrer que, junto com a conscientização, viessem à luz também o bom e o positivo. "
Quando não queremos nos confrontar com os recônditos da nossa alma e chegar ao cerne da questão que bane o sofrimento, as dúvidas e o sentimento de estar perdido em um labirinto, costumamos estagnar na melancolia ou fugir nos prazeres temporários que o mundo oferece. Mas, sempre voltamos à estaca zero, ao portal do labirinto, começando tudo de novo. Experimentando a terapia da última moda, o medicamento milagroso e várias outras promessas que os espertalhões oferecem como uma 'cama quentinha em manhã de inverno'. Adivinhe só: o inverno acaba e a cama não oferece mais esta sensação de fuga e prazer.
Assumir a responsabilidade de conduzir a própria vida com todas as escolhas pessoais é mais complexo do que se pensa. Exige trabalho e maturidade para olhar no mais profundo abismo do nosso ser com todos os seus traumas, medos, desvios que escondem o caos da escuridão. Práticas que sugerem positividade e prometem uma vida próspera e feliz nem sempre passam da superfície do ego e resolvem o problema temporariamente. No fundo, é seu próprio consciente desviando-se do núcleo da sombra.
O conhecimento dos potenciais do seu mapa astrológico e a atualização periódica dos trânsitos planetários sobre o mesmo é a melhor orientação na direção do caminho até o entendimento da sombra. Como o próprio nome já diz, um “mapa” pode não oferecer a solução fácil e indolor que a maioria dos 'coaches' prometem, mas indica como você mesmo pode encontrar ferramentas para iluminar o caos dentro de si. Vou tentar simplificar por meio dos ciclos planetários:
PLUTÃO
Os ciclos plutonianos e seus aspectos durante seu trânsito sobre nosso mapa de nascimento promovem transformações significativas do nosso caminho de vida como perdas e mudanças diversas como de residência ou de emprego, por exemplo. Em uma perspectiva mais profunda, seus ciclos expõem conteúdos de nosso inconsciente que alteram nosso ponto de vista e, consequentemente, nossas escolhas, o que pode desencadear mudanças externas. Dependendo da reação quanto a perdas ou dissoluções, pode-se também recorrer à obsessões e a atitudes destrutivas. Seus aspectos e ciclos duram entre 7 a 9 anos.
NETUNO
A percepção de seus ciclos exige sensibilidade psíquica. Muitas vezes, durante seus trânsitos sobre nossos astros pessoais, somos engolidos por um oceano que bloqueia nosso livre arbítrio, como se alguém assumisse o controle de nossas decisões. São períodos em que, se não valorizarmos nossa intuição, não estaremos despertos o suficiente para perceber os desvios nas entrelinhas. Estes desvios podem ocorrer pela sincronicidade ou por puro devaneio. Seus ciclos têm duração entre quatro a cinco anos.
URANO
Seus ciclos trazem reviravoltas em nossa vida que podem ser libertadoras ou tão repentinas que perdemos o chão sob nossos pés. No começo de seus ciclos, inicia-se uma inquietação, uma necessidade de algo novo em nossas vidas e uma vontade de romper com aquilo que não tem mais significado. Pode ser um trabalho ou um relacionamento que assumiu a forma de uma prisão. Urano nos faz ultrapassar nossos próprios limites, arriscar algo inusitado e libertador. Nem sempre isto dá certo, por isto que a conscientização dos trânsitos sobre nosso mapa é fundamental para compreendermos a origem destes pensamentos e programar estratégias não destrutivas. Seus ciclos têm duração de 2 a 3 anos.
SATURNO
Mais próximo à Terra do que os três anteriores, o Senhor do Tempo realiza o filtro e faz cumprir as exigências demonstradas por Plutão, Netuno e Urano. Explico. Os transaturninos são responsáveis por provocar o salto quântico astrológico em seus ciclos. No entanto, nossas escolhas podem recair na “cama quentinha de inverno”, ou seja, desviar-nos da evolução. Saturno apresentará a “conta”, ou seja, a “roupa suja” que deixamos pelo caminho sem a devida atenção. Em outras palavras, Saturno é especialista em desafiar aquele que opta pela estagnação ou procrastinação. Desta vez, é difícil de desviar da responsabilidade. O sentimento de depressão, medo, falta de auto-estima, bloqueios insuperáveis vêm exatamente da resistência a caminhar rumo à origem do problema. Chronos talvez seja o planeta mais importante na nossa vida. Invariavelmente, marca presença a cada sete anos, sem contar os aspectos sobre nossos astros de nascimento, cujo ciclo é singular. Ele nos testa pela escassez, nos faz levantar da cama quentinha, pois estamos sós neste mundo e precisamos lidar com fatores que vão desde a simples sobrevivência até doenças, problemas familiares, relacionamentos, solidão, dentre outros fatores que exigem nossa atenção e responsabilidade. Seus ciclos têm duração de aproximadamente um ano.
JÚPITER
Oferece oportunidades de crescimento em direção às metas que se tornam claras após os ciclos dos planetas anteriores. O caminho em direção à 'sombra' desfaz a escuridão e ilumina os reais potenciais e compromissos. As perdas plutonianas são compreendidas sem recorrer à tentativa de controle ou autodestruição; as sincronicidades netunianas são esmiuçadas e traduzidas como a voz da transcendência; as rupturas uranianas refletem a autonomia alcançada; e, os limites saturninos tratados com o maior respeito para a busca daquilo que tem real significado para cada um de nós. Seus ciclos ou aspectos podem variar de um a seis meses de duração
Portanto, a conscientização da sombra pode ser realizada se houver disposição para percorrer um trajeto demarcado por um 'mapa'. Não é fácil, nem atingido após um curso ou vivência de um final de semana. Não tem fórmulas mágicas ou expressões mântricas genéricas. Trata-se de um mapa individual, cujas singularidades só podem ser reconhecidas pelo detentor do mapa em questão. Este é o real e verdadeiro autoconhecimento.
Comentários
Postar um comentário