“Se eu quisesse
vos falar do divino (…) nas suas profundezas mais secretas,
dir-vos-ia: é como se diante de vós estivesse uma roda com sete
rodas que se interpenetram (…). São os sete espíritos de Deus.
Engendram-se uns aos outros, e é como se, quando um faz girar uma
roda, houvessem sete rodas embutidas umas nas outras, e uma delas
rodasse sempre de modo diferente das outras, e os aros das sete rodas
se encaixassem uns nos outros formando uma esfera. E é como se os
sete cubos fulcrais constituíssem um único cubo que, ao rodar, está
em toda a parte, e as rodas engendram sem cessar o mesmo cubo, e o
cubo engendra sem cessar os mesmos raios das sete rodas.”
“A origem da vida
gira como uma roda sobre si mesma; e quando atinge o ponto mais
fulcral, obtém a liberdade, não de Deus, mas da tintura de que a
vida dimana: porque o que deseja atingir Deus tem de passar pelo
fogo; pois nenhum ser alcança Deus a não ser que habite o fogo, o
seu próprio fogo: mas se o fogo fosse inflamado, o universo
fundir-se-ia. Não nos referimos aqui ao fogo do monstro, que não é
fogo mas apenas raiva.” J. Böhme