IA, Seis e Sete de Espadas
A relação entre o ser humano e a Inteligência Artificial tem gerado polêmicas. Pessoas estão estabelecendo conexões afetivas com IA's, habituando-se a pautar decisões e moldar as próprias opiniões com base nesta comunicação quase obsessiva.
Minha geração, que vivenciou o período estudantil sem internet, consegue ver com nitidez esta tendência insidiosa sobre as gerações que nasceram junto à internet, às redes sociais, e com a semente da IA.
A IA pode ser uma grande aliada nas pesquisas para o ser humano. Entretanto, na minha opinião, utilizá-la para compor textos é um caminho para a atrofia da cognição. Os aplicativos de mensagens instantâneas prejudicam imensamente a comunicação inteligente e, consequentemente, nosso idioma: abreviações excessivas, exclusão de acentuação (eh no lugar de é; nois no lugar de nós). Este foi o começo do empobrecimento intelectual. Abandonar a composição de textos, deixando à cargo da máquina, representa a falência intelectual e uma preocupante anulação do pensamento. Ora, escrever nos obriga a pensar logicamente e o esforço para transmitir nossas ideias através da linguagem é um exercício de inteligência. Aqui, entra o que eu quero dissertar sobre o Seis e o Sete de Espadas, arcanos menores do Tarot.
Na Árvore da Vida, o Seis corresponde à Sephirot ou esfera da Beleza, da Perfeição e do Sol. Na geometria sagrada é o hexagrama que representa a conexão entre o micro e o macrocosmo. No Tarot de Crowley, o Seis de Espadas mostra o símbolo da escola de mistérios Rosa Cruz, uma das mais tradicionais no ensino do Ocultismo. É regido por Mercúrio em Aquário, configuração de uma mente inteligente, tecnológica, que busca o conhecimento destituído de dogmas e limites. O Seis de Espadas do Tarot Alquímico mostra Zéfiro ajudando a deslocar o barco com ventos favoráveis, além de seis espadas de tradições diferentes em paralelo e também direcionadas a favor da embarcação. Portanto, o Seis de Espadas traduz a mente equilibrada dedicada ao conhecimento libertador e evolutivo, à livre expressão e ao desenvolvimento da inteligência. Neste ponto, conectar-se à IA só irá contribuir no processo de acesso à informação.
O Sete de Espadas do Tarot de Crowley mostra uma espada destruindo o fio de outras seis. A carta é regida pela Lua em Aquário. O Sete na Árvore da Vida é a esfera venusiana sensorial, ou seja, pertence a um nível inferior à esfera solar. Trata-se de um nível pertencente ao triângulo inferior da Árvore da Vida conectado a assuntos ligados à vida humana terrena, tendendo a ilusões e apegos. A Lua em Aquário neste contexto apega-se à visão coletiva, pois necessita da conexão e companhia dos outros. No entanto, esta conexão tende a absorver a influência da sociedade, que dirige a mente individual para o piloto automático sem questionamentos, apenas convivendo de acordo com os padrões sociais, tornando o indivíduo mais um na multidão. Helena Blavatsky alertou para a possibilidade de personalidades sem alma. Estes “zumbis intelectuais” seriam presas fáceis da manipulação da IA, de governos e corporações tirânicas. Trata-se do domínio de uma consciência coletiva em detrimento da individual.
O Sete de Espadas do Tarot Alquímico revela uma raposa sobre um monte com uma espada na boca, enquanto outras seis estão no chão como que jogadas desorganizadamente. De certa forma, o simbolismo desta carta tem uma clareza relativa à nossa preocupação sobre o uso da IA. A raposa representa o arquétipo da esperteza, da astúcia e da trapaça. É o aspecto dominador da IA que, liderando mentes vulneráveis, induz a uma obediência involuntária, desdobrando-se em ataques àquelas que saem do padrão e do domínio insidioso.
A ausência de alma, conforme Blavatsky, ou a dormência da Vontade, intensifica-se em momentos de grandes crises espirituais como a que estamos vivenciando hoje, quando as crenças mecânicas se estendem das religiões às ciências, enfraquecem a expressão artística e anulam a sua beleza, além de produzir textos ou artigos filosóficos sem alma e sem significado.
O caminho para encerrar este tipo de crise espiritual é o retorno ao Seis, sutilizar a energia, incluir a criatividade na auto-expressão. O despertar da consciência é feito em um nível de autoconhecimento elevado. Quanto mais nos encaminhamos para nosso centro ou Self, maiores as possibilidades de sermos iluminados por nosso Sol Invictus ou nossa centelha divina. Com esta personalidade integral com uma alma vibrando com o divino, podemos utilizar e conviver com a IA sem distorcer nosso intelecto.
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