Frankenstein e o Luetismo
“Uma noite com Vênus e o resto da vida com Mercúrio.” disse Henrich Harlander para Victor Frankenstein no filme de Guillermo Del Toro. Com esta frase, ele se referiu à sífilis que contraiu em uma noite de prazer, que era tratada com Mercúrio no século XIX.
A sífilis é uma das doenças que encabeçam a Árvore Filosofal da Homeopatia Clássica sob a denominação de Luetismo, ou seja, um grupo de doenças crônicas miasmáticas que se manifestam nos temperamentos destrutivos e autodestrutivos. Quando assisti a esta cena, comecei a “astrofilosofar” sobre alguns pontos conforme sequência abaixo.
Vênus ou Afrodite, deusa do Amor, em sua versão planeta rege Touro (finanças) e Libra (relacionamentos) assuntos que dominam grande parte das consultas astrológicas. Como Harlander, uma maioria de pessoas dirigem seu foco no prazer puro e simples. Não estou criticando, sou adepta da máxima thelêmica da primazia da Vontade do indivíduo. No entanto, este foco quase obsessivo ignora consequências ou o entendimento de que não existem “noites eternas com Vênus”. A teoria quântica já nos ensinou a incerteza e a probabilidade, mas o ser humano parece manter a crença na constância, no determinismo e na predictabilidade. Entretanto, quando Vênus se afasta e deixa as consequências do prazer absoluto, fica a sensação de ausência, de perda e, mais costumeiramente, da fatalidade do destino.
Mercúrio ou Hermes é o mensageiro dos deuses e, como planeta, representa o funcionamento de nossa mente. Harlander se referia ao elemento químico utilizado na cura da sífilis antes da descoberta da penicilina. Mercurius solubilis é o medicamento homeopático utilizado principalmente para doenças de natureza luética recomendado, por exemplo, para distúrbios mentais e intelectuais. Mercúrio é um planeta que rege Gêmeos e Virgem, signos racionais, cujos arquétipos estão voltados à comunicação, curiosidade e informação (Gêmeos); e, organização, classificação e lógica (Virgem). Claro que cada um de nós tem um Mercúrio singular em sua posição por signo, casa e por aspectos com outros astros. No entanto, ele tem um determinado potencial de raciocínio que pode ou não ser desenvolvido, dependendo da predisposição de cada um. “Penso, logo existo” é a famosa frase de Descartes que nos lembra de nossa inteligência e de nosso Mercúrio por tabela! Ele apenas se torna um remédio amargo e extremamente tóxico, quando nos entregamos à ilusão da felicidade eterna ou do prazer eterno. Quando não exercemos a nossa capacidade de pensar ou de questionar sobre a verdadeira essência da vida, que transcende Vênus e atinge sua 'oitava superior', Netuno, estamos invocando o monstro luético em sua máxima capacidade destruidora, ou seja, Plutão e suas doenças auto-imunes.
O autoconhecimento profundo e primordial é atingido com a correta interpretação do mapa astrológico sob os paradigmas quânticos e herméticos. Ele liberta o indivíduo do ciclo luético que o determinismo e o mecanicismo impõem na eterna busca ilusória pelo prazer e felicidade terrenos contínuos. O correto entendimento do mapa astrológico conduz ao salto quântico elevando a alma da órbita venusiana para a netuniana abrindo os véus da realidade superior e da ciência oculta.

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