MITOLOGIA NÃO É “CRENDICE”!
Li um artigo de um acadêmico na área da Filosofia que, com a costumeira arrogância cada vez mais comum a esta casta “superior”, afirma ser a mitologia uma crendice. Referia-se à Grécia pré-socrática, quando supostamente não se pensava na própria existência, mas as histórias de deuses, deusas e heróis refletiam nas almas ou na psique coletiva da época ideais e condutas motivacionais. Claro que os mitos fundamentaram as religiões na Antiguidade, por isto que ainda podemos conhecer ruínas de templos e resquícios dos mesmos em parques arqueológicos em praticamente todos os lugares da Terra. Suas histórias precedem a escrita e, assim como a Astrologia, não existe um “marco inicial” identificável. Aproveitando o “gancho” é óbvia a conexão entre as histórias mitológicas e o significado planetário na interpretação do mapa astrológico. O mapa astrológico nada mais é do que a história de deuses, heróis e vilões que representam a nossa singularidade existencial, ou nosso reino interior. Isto é objeto de uma das minhas oficinas astrológicas! No período ptolomaico ou pré-socrático, a troca de conhecimentos entre os povos mediterrâneos era comum. Pitágoras e Tales de Mileto fizeram seu estágio no Egito e tiveram muito o que contar a seus conterrâneos. Desta forma, não é surpreendente que a Astrologia ocidental transferisse os significados do panteão grego e suas histórias mitológicas aos astros e ao simbolismo dos signos. Entretanto, podemos transferir os significados planetários às demais mitologias de outras regiões do planeta: o Sol do grego Apolo pode ser entendido como Rá dos egípcios, ou Krishna dos indianos, ou Odin dos nórdicos e assim por diante. Estes paralelos entre as histórias mitológicas das mais diferentes fontes da Antiguidade é fascinante e intrigante. Jung entendia isto como “a psicologia da Antiguidade” ou a psique coletiva da época, quando estudava as religiões, os mitos e, especialmente, a Astrologia.
Joseph Campbell afirmava que “mitos são sonhos públicos; um sonho é um mito privado.” Ele também percebeu o entrelaçamento entre o inconsciente coletivo e o pessoal, assim como Jung, nos sonhos, na imaginação, nos valores do ser humano e na vida como um todo.
Sócrates inaugurou o princípio da dialética a partir do oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e a ti mesmo.” Em seu julgamento, afirmou aos juízes que o deus Apolo, a quem é dedicado o templo em Delfos, atribuiu a ele a função de pensar, de filosofar, pois quando refletiu sobre sua existência, disse “só sei que nada sei”.
Infelizmente, existe uma proliferação de “eruditos” da atualidade que seguem o racionalismo até as últimas consequências: negar a mitologia é negar a divindade e, consequentemente, negar a existência da alma ou de qualquer outra coisa que foge ao empirismo radical destas mentes desprovidas de Luz e de Sabedoria.
“Desde que as estrelas caíram do céu e nossos mais altos símbolos empalideceram...o céu se tornou para nós o espaço cósmico do físico.” Carl G. Jung
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