A Árvore da Vida e o Arcano VI, Os Amantes

 

Polaridade e Síntese

Regência: Gêmeos


Se Arjuna não seguisse os conselhos de Krishna no Bhagavad Gita, ficaria inerte, sem condições de tomar uma decisão, perdido em dúvidas torturantes. Mas ele ouviu Krishna ou sua própria voz interior, sua intuição, sua criatividade supramental e 'colapsou' uma realidade fazendo uma escolha de acordo com sua agenda dharmica. Aliás, a leitura deste tratado hinduísta é obrigatória para qualquer espiritualista.

Quando deixamos apenas a mente dirigir nossa vida, podemos nos deparar com encruzilhadas difíceis de serem resolvidas. Se nos limitarmos a ponderar opções, corremos o risco de agir de acordo com a opinião ou experiência de terceiros ao invés de seguir nosso livre arbítrio. Acalmar a mente, respirar profundamente, contemplar a Natureza, meditar afastando-se da prioridade racional que exige uma decisão imediata é o melhor a fazer e a mais sábia das atitudes.

A dualidade típica de Gêmeos – signo do elemento Ar e de modalidade mutável – representa a natureza da mente e dos pensamentos: “ou isto, ou aquilo”. Uma vez capturados pela armadilha da dualidade mental geminiana, só a sabedoria, o silêncio e o afastamento do mundo da lógica inerente ao pensamento conseguem nos libertar do ciclo vicioso das dúvidas provenientes das inúmeras opções racionais.

A doutrina zen budista propõe que a dualidade do intelecto humano é um dos fatores de desvio e de contradição à iluminação e propõe o “caminho do meio”:


Os adeptos do Zen acreditam que o apego a palavras, conceitos, afirmações fixas ou regras determinadas de comportamento nos impedem de penetrar no sentido próprio daquilo que se pensa” Hans Joachim Störig


Ao longo da vida, experienciamos a senciência pelos fenômenos individuais da relação mente-cérebro. Isto acaba criando a ilusão da separatividade e da linearidade. A consciência forma o ego (eu sou isto, eu não sou aquilo). Estas experiências egóicas são limitadoras e bloqueiam o livre arbítrio do self quântico que corresponde à consciência unitiva.


Maya está agora explicada. O mundo imanente não é maya, nem mesmo o ego é. A verdadeira maya é a separatividade. Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo, eis a ilusão”. Amit Goswami



Os dois pares de gêmeos mais famosos da mitologia greco-romana também explicam. Trata-se de Castor e Polux, Helena e Clitemnestra. Para variar, Zeus ou Júpiter em mais uma de suas aventuras amorosas conheceu Leda em termos bíblicos e ela concebeu dois pares de gêmeos. Castor e Polux: um mortal, Castor, filho de Leda com seu esposo Tindareu; e Polux, imortal, filho de Zeus. Os irmãos eram muito apegados, um não vivia sem o outro. Participaram de várias batalhas juntos, dentre elas como argonautas comandados por Jasão. Ferido mortalmente em batalha, Castor deixou seu irmão inconsolável que abriu mão de sua imortalidade para continuar junto a Castor na forma de duas estrelas no céu. Este mito se refere à praticidade mental (Castor) que deve permanecer unida e de comum acordo a nossa voz interior ou intuição (Polux). O outro par de gêmeos, por si só já revela outro pólo de dualidade, o masculino-feminino. Helena, a imortal filha de Zeus, era bela e sedutora. Mas sua passividade pôs tudo a perder na guerra entre Tróia e Grécia. Clitemnestra, apesar de ser humana e mortal, era forte e decidida. Seu temperamento passional e vingativo a levou a assassinar o próprio marido, Agamenon, ao voltar da guerra contra Tróia.

Estas duas sombras da psique, a passividade e as emoções destrutivas, demonstram a necessidade de imersão em nosso corpo emocional sensível e instintivo para trazer à tona grande parte do conteúdo psíquico que representa nossa real manifestação afetiva não suprimida. Muitas vezes, por negligência ou fuga, somos passivos como Helena. Não estou dizendo que a passividade só demonstra indiferença ou escapismo, muitas vezes a resignação deve ser a melhor opção em fases estagnadas ou opressoras. No entanto, os sentimentos como a mágoa, a vingança ou qualquer tipo de obsessão suprimidos são inevitavelmente destrutivos.

Masculino, feminino, mortal, imortal, passivo, ativo, tudo faz parte da nossa totalidade como seres humanos. Ao interpretar o mapa astrológico, por exemplo, nunca devemos nos ater à superficialidade como porcentagens dos elementos da natureza ou modalidade, generalidades como introspecção ou extroversão medidas de acordo com a quantidade de astros nas partes superior ou inferior do mapa. Estas noções genéricas, duais e superficiais fazem parte do uso distorcido da energia geminiana.

Mercúrio é o astro regente do signo de Gêmeos, o mensageiro dos deuses, Como bom mensageiro, ele deve ser ágil como a mente e os pensamentos, por isto ele tem asas nos calcanhares e em seu capacete. A agilidade mental dos impulsos nervosos podem ser a origem de muito estresse e ansiedade quando muito solicitada e sobrecarregada.


O arcano 6, Os Amantes, do tarot de Crowley demonstra o casamento entre a Imperatriz (Vênus) e o Imperador (Áries), caminhos da Árvore da Vida que veremos posteriormente, conduzindo à união de opostos. As raças dos cônjuges e das crianças são opostas em um movimento de conciliação e aproximação. A fusão está na Arte Alquímica do caminho 14, regido por Sagitário, oposto complementar de Gêmeos. O leão e a águia em cores que simbolizam o princípio ativo e expansivo do fogo em contraposição com a passividade e introspecção da água.

O Caminho dos Amantes parte da esfera solar do Self em direção à Formação Arquetípica regida por Saturno, planeta das estruturas. Esta esfera trata as divisões, teses e antíteses que formam nosso mundo manifesto A partir do momento em que ocorre a divisão, ou seja, a “perda e rejeição” do Paraíso nos sentimos compelidos a buscar inconscientemente a união. Projetamos no “outro” a resolução de todas as nossas angústias e necessidades. Mas a unicidade processada pelo Amor só se conclui quando começamos a amar a nós mesmos a partir de um estágio mais profundo do que o ego que é insaciável.

O sentimento de amor e de união começa a partir de cada um de nós em direção ao Universo por meio da meditação e do fluxo contínuo de energia do nosso chakra cardíaco. O Amor não é limitado ao ego, isto se chama apego. O Amor é a energia que transcende e trespassa todas as criaturas, une Macrocosmo com o Microcosmo e é responsável pela Vida.


Terapias e correspondências relacionadas ao

Caminho dos Amantes – Gêmeos


Florais de Bach: Cerato.

Florais de Saint Germain: Algodão, Flor Branca, Gerânio, Lótus do Egito, Maçã, Purpureum.

Homeopatia : Anacardium orientale, Cocculus indicus, Baryta carbonica.

Aromaterapia: Anis, erva-cidreira, eucalipto, hortelã, noz moscada, orquídea.

Cristais: Apatita, citrino, obsidiana verde, turmalina verde, quartzo turmalinado.

Cor: Amarelo, preto-branco, branco com pontos vermelhos.

Animal: Zebra, papagaios, pinguim, animais de carga/transporte – cavalos, camelos etc.


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